quinta-feira, 16 de maio de 2013

Mapas modelados em massa de farinha de trigo e sal

                                         Mapa farinha e sal - Itália cores da Bandeira

Faça mapas como esses com seus filhos e/ou alunos:.
         
(os dois da Itália aí acima são meus, fiz -veja abaixo - conforme explico aqui e depois pintei com as cores daquele país)

 Kids with 3D Salt Dough Maps- Kid World Citizen
Reparo que as culturas se interpenetram, mas alguns de seus aspectos ficam como marcas de cada uma, por mais imitáveis que sejam. Não encontro nada no Brasil sobre o modelado do relevo de um país (estado ou região) utilizando a famosa mistura estadunidense sal+farinha+água. Eles há anos usam essa mistura para trabalhos cartográficos com crianças. Os professores desse país, quando tratam do assunto, sempre destacam o gosto que as crianças têm em trabalhar com a mistura; o envolvimento que elas têm com o trabalho, etc. Sempre crianças muito novas. Nunca tive a oportunidade de fazer com alunos meus, pois sempre trabalhei com alunos mais velhos.
A técnica é tão legal que depois de velho me deixei levar e fiz o mapa da Itália mostrado aí acima.
A satisfação da menininha da foto de baixo em trabalhar a massa é inegável. No caso ela está fazendo em sua própria casa, supervisionada pelos pais.


salt


A receita da massa é muito variada (principalmente no que diz respeito à quantidade de sal, que varia de metade da quantidade de farinha de trigo a uma fração muito pequena).

A mistura mais repetida da massa de modelar é a seguinte:
4 copos de farinha de trigo
2 colheres de sal
2 copos de água
(uma colher de vinagre)

O grande segredo é ir acrescentando a água aos poucos. A massa tem que ter consistência mais grossa (não pode ficar muito rala) para ser modelada. Eis as indicações do site  Cooks.com:

"Misture 2 xícaras de farinha, 1 xícara de sal e 3/4 de xícara de água.(Adicione um pouco de água de cada vez). Isso deve fazer uma massa muito grossa. Acrescente mais farinha se necessário. Espalhe a massa sobre o mapa você esboçou em papelão ou madeira compensada. Forma montanhas, vales, planícies, etc Você pode mergulhar os dedos levemente em água para suavizar lugares ásperos em massa. Deixe secar e pintar com pó colorido. Este projeto não é para um dia chuvoso porque o sal atrai a umidade e seu mapa é executado. Não se esqueça de uma legenda de cores para as suas formações."
Eu acrescento vinagre, que de acordo com as fontes, dá mais resistência ao mapa final.

Vamos supor, então, que estejamos estudando a Itália. Será um prazer para os alunos fazerem um mapa parecido com um biscoito com o formato da famosa bota. Devemos providenciar um mapa do país para servir de base para a modelagem. Outro mapa para que eles consultem no momento de acrescentar outros elementos ao mapa (montanhas em um mapa das formas de relevo em 3D, por exemplo). Por falar em 3D é uma expressão que podemos explorar. Faremos um mapa em 3D! 

Faça a massa como receitado acima.  Com ela pronta basta colocar a massa sobre o mapa de base e ir moldando com uma espátula, colher ou palito de picolé. 


Vejam abaixo os passos para o meu mapa 3D de sal e farinha de trigo da Itália.

1º Passo:
Imprimi o mapa da Itália no excelente site
 http://www.yourchildlearns.com/megamaps/print-world-maps.html
que eu classifiquei alhures como o melhor site de Geografia que existe (certamente o mais útil e generoso. Vão até ele e confiram). Nesse passo escolhe-se a escala em que se quer trabalhar. Uma coisa é certa e todo professor de geografia sabe, se escolher escala pequena demais, como foi o meu caso, não dá para fazer detalhes. Quando são feitos a escala quase sempre é distorcida (fato aceitável dependendo da faixa etária que se trabalha e o conteúdo mais explorado com o trabalho).




2º Passo:
Vou estendendo a massa sobre o mapa para cobri-lo. Empurro a massa para dentro do mapa para que o contorno do país seja feito. Aqui diverjo um pouco do método estadunidense, mas já vou concordando com ele quando se trata de crianças muito novas. Do que estou falando? É que eu cobri o mapa e fui na verdade empurrando a massa para dentro dos limites da Itália e depois tirei os excessos causados pelos empurrões. Os americanos fazem a base de papelão (ou seja, recortariam o mapa da Itália acima; colariam sobre um papelão e o recortaria). Com a mão a criança vai moldando a massa utilizando as bordas do papelão como guias.

  

3º Passo:
O mapa que pretendia fazer ficou pronto. É só secar agora. Já vou aviando que demora a secar demais. Numa sala de aula coloque-os em lugar bem seco. Se possível onde o "bate o sol". 24 horas para secar é muito pouco. 
Depois de seco faça a arte pretendida: pinte com acrilex com as cores do país ou o que queira fazer: localizar cidades por exemplo.
Pelo que vejo, nos Estados Unidos a técnica é muito usada para a representação dos estados em seus aspectos físicos mais importantes e localização das principais cidade. Montanhas, montes, vales de rios, são esculpidos no mapa ainda macio ) amontoando massa para as montanhas, abrindo os vales na passa com um palito, etc. Depois faz-se bandeirinhas indicativas com os nomes dos elementos representados e finca-se sobre eles.
A menininha lá de cima fez assim (destacou os Montes Apalaches, o rio Alabama, o pico mais alto e a capital):
salt dough map flags UP
até o modelo das plaquinhas tem na internet:
http://www.hslaunch.com/mypage/downloader.php?file=userfiles/200/58236811498.pdf&id=1042

Diante da minha experiência única, fazendo o mapa da Itália com a famosa massa, tirei uma série de conclusões que já escrevi em outro lugar. São elas:

#- Comecei cobrindo primeiro o norte, mas depois resolvi cobrir tudo de uma vez, ajeitando a massa ao mapa. Ou seja, você cobre para além do mapa e depois vai empurrando a massa para dentro.
#- Achei que deveria ter usado mapa maior. Se a intenção é mostrar a variação do relevo, isso é mais verdadeiro ainda. Do tamanho que fiz (olhem a referência da pilha) ficou difícil fazer destacar os Apeninos, por exemplo, ele ficaria muito exagerado.
#- Está custando a secar (24 horas é pouco). Não esqueça: não é atividade apropriada para longas estações chuvosas, pois o sal absorve a umidade do ar e o mapa custa a secar.
#Ao secar a massa perde volume, encolhe, ou seja, o mapa fica significativamente menor que o molde, logo a escala modifica.
# Ao secar o mapa fica duro e até certo ponto resistente. Fica parecendo um biscoito. Dá vontade de comer um pedaço! Na série televisiva “The Middle” os dois filhos homens do casal tentam fazer um mapa desse tipo e sempre acabam comendo o trabalho!
#Considero que pode ser um trabalho de Educação Artística e de Geografia. Está me dando vontade de pintar artisticamente o mapa, colá-lo em uma tela e colocar uma moldura…


Mapa farinha e sal - Itália cores da Bandeira 2
#Aconteceu algo curioso. Sem ter onde guardar mapa tão quebradiço, coloquei-o sobre uma estante. Quando fui ver havia suspeitos montículos junto ao mapa que tinha uns furinhos. Deu caruncho! Joguei inseticida. Aí os carunchos morreram. Conclusão: não pode ser guardado por muito tempo, a não ser que seja selado com algum tipo de verniz ou tinta…

 China 3D Salt Dough Map- Kid World Citizen
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Há vários mapas hoje em dias em jogos de estratégia nos computadores e vídeo games. Os alunos farão bem mais bonitos do que você imagina…
O mapa abaixo é de um jogo RP. Vejam como ele guarda certas conveções cartográficas.Parece até parente do meu mapinha acima.
O Marcel, um leitor assíduo, disse que isso já é perder tempo. Concorda mais com os chineses que vão direto ao assunto com objetividade e sem “frescuras”. O negócio, de acordo com ele, é ensinar as coordenadas, as curvas de nível e toda a técnica que a cartografia exige, considerando obviamente a idade das crianças, mas sempre forçando a barra para a frente, ou seja, “carro apertado é que canta” (como recentemente exposto na revista Veja, em um comentário sobre um livro que relatava como uma mãe chinesa, nos EUA, educou sua fílha para o triunfo na vida: exigências e obrigações, sem espaço para o lúdico, a arte ou coisas menos exatas…).
Tudo bem Marcel, mas como não estou na China, nem nos EUA, não sou chinês, nem anglo-saxão, não sou confuciano nem calvinista e “não quero só comida”, trilho também pelas sendas dos sonhos…
E como eu sou só um pouco bobo, para reforçar o meu lado, afirmo ainda que é uma grande preocupação entre os especialistas, cartógrafos-educadores, trabalhar com a Cartografia para as crianças. O excelente site citado abaixo, mostra o quanto a Sociedade Brasileira de Cartografia  se preocupa com a questão. Eles têm todo um trabalho nessa linha, inclusive com concursos que incentivam a cartografia criativa das crianças.
Não devemos substimar os mapas criativos. Acredito que devemos incentivar nossos alunos a desenhá-los, desde que eles apliquem algumas convenções  cartográficas que ensinamos em classe.
Dois exemplos de mapas (premiados em concursos internacionais) criados por criança:
..
 .
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Mapas com "coisas"

Um dos mapas mais criativos que já vi é esse aí de baixo, do qual perdi o endereço na internet, mas que ao procurá-lo, vi que os australianos são ímpares em fazerem, ou acharem, mapas de sua pátria em tudo quanto há no mundo. Seríamos capazes de fazer mapas assim?




Claro que seríamos capazes, é o caso de começarmos a fazer e incentivarmos que se faça. Por exemplo com um concurso de mapas assim, entre nossos alunos.

 Croppedaccidental










 alunos.

continuo depois
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Mapas 3D

    Podem achar que não é pedagogicamente correto mas considero que podemos explorar as imagens em anaglifos (ou anáglifos) - aquelas que dependem dos óculos vermelho-azul para que se consiga o efeito 3D- com alunos bem novos. A tecnologia 3D tem se popularizado muito nos últimos anos e as crianças têm tido acesso a ela desde muito cedo, nada como utilizá-las para fins didáticos. Vejam pela imagem abaixo que os estadunidenses utilizam a técnica com alunos bem novos - é só não exagerar no tempo de uso ininterrupto com os tais óculos.  Trinta minutos seguidos de uso é um tempo razoável - dá para se analisar várias imagens e não causa desconforto visual aos pequenos...

1-kidsin3Dglasses_3_4



       Antes de mais nada é necessário que se faça o óculos azul-vermelho.

       É fácil. Imprima e recorte o molde abaixo. Recorte, abrindo, obviamente as janelas "vermelho" e "azul" e cole no lugar papel celofane dessas cores nas devidas janelas, temos assim os óculos.
Para obter o efeito 3D, a lente azul fica no olho direito e a lente vermelha no olho esquerdo.



como fazer óculos 3d


oculos-3d-para-vender

Com os óculos em mãos exercite a visualização de variações de altitude em imagens anaglíficas obtidas por satélites e em mapas anaglíficos, facilmente encontrados na internet. Eu sugiro que se comece por imagens que os alunos conhecem e que ao mesmo tempo os fascinam. Vejam por exemplo o vulcão Santa Helena abaixo:




Os alunos normalmente são fascinados pelos vulcões. O Vulcão Santa Helena no estado de Washington, noroeste dos EUA, é um dos mais estudados do mundo. Utilize as imagem acima para que os alunos vejam a imagem, a partir do alto, da caldeira do vulcão e de suas paredes laterais. Depois deixe que os mesmos tentem entender a imagem abaixo, que é do mesmo vulcão, agora desenhado topograficamente.
Primeiramente eu giraria a imagem do vulcão para que a sua parte "arrebentada" fique posicionada para o norte, como no mapa. Com a orientação da imagem e do mapa igualizadas podemos fazer o seguinte: colar a imagem de um carrinho com a frente para a caldeira e perguntar se o mesmo está subindo ou descendo a vertente do Santa Helena. Vou tentar fazer e voltar depois.
(03 de nov 2012) Tentei girar a foto mas não gostei do resultado: enfraqueceu o efeito 3D. Isso me trouxe outra atividade para pedir aos alunos - que eles fiquem com a tarefa de responder à questão: tendo sido o mapa feito de acordo com a conveção "norte no alto do papel", pergunta-se, qual vertente do vulcão Santa Helena arrebentou-se na última erupção?

Mas voltando ao "brincar com mapas", posicionemos um carrinho bem colorido sobre uma das vertentes do vulcão no mapa acima e perguntemos: o carrinho está subindo ou descendo a citada vertente? Tanto o efeito 3D quanto a análise das curvas de nível poderão indicar a resposta.









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